O Proibido e o Obrigatório

Uma das mudanças permanentes que a pandemia de covid-19 provocou no mundo todo é essa tara, esse fetiche pelo controle alheio através de avisos públicos.

Percebo um aumento assustador na quantidade de avisos sobre algo ser “proibido” ou “obrigatório”.

Não há mais aquele aviso amigável, o conselho ou a sugestão.

Estão indo direto ao ponto e colocando a proibição na sua cara.

Não cheguei a pesquisar os números, mas algo me diz que esta imagem é uma das mais baixadas da Internet hoje em dia. Muito útil para atender a grande demanda de sinais pendurados nos postos de combustíveis, supermercados, açougues etc.

E qual seria o símbolo do “é obrigatório”? Não sei. O que vejo são textos diretos começando pelo “É obrigatório” ou “Obrigatório” somente. Talvez este: ⚠️ só que na cor vermelha e grande, GIGANTE!

Depois de proibirem as crianças de jogarem bola e andarem de bicicleta aqui no condomínio, avançaram um nível para proibir as crianças de gritarem. Sim. “Crianças, é proibido gritar no parquinho.”

O que aconteceu com o “Por gentileza…” ou com o curto e rápido “Favor…isso ou aquilo”?

Sumiram com eles. Não são mais necessários? Ninguém se comunica assim?

Outro dia vi dentro de uma loja: “Aqui você é livre para usar ou não sua máscara.”

Bacana. “Livre para usar”. Então, entendo que as pessoas continuam sendo livres para pensar em alguns lugares. Pensar nelas mesmas ou nas outras que estão por ali. Um hábito saudável.

Nos locais das proibições e das obrigatoriedades, por outro lado, já pensaram por nós ou não nos querem dar esse privilégio. Pensar deve ser um luxo de poucos, segundo alguns. Será que alguém já avançou de nível (de novo) e criou um aviso “Proibido pensar”.

Lembrei da IBM e sua filosofia empresarial em torno da palavra “Think”, pense!

Sugerir, aconselhar, pedir, lembrar… por acaso são abordagens de quem é “mole”? De quem tem educação? Educação à moda antiga, claro.

A boa educação de hoje nos manda obedecer calados. Vale a pena? A “pena” aqui tem sentido correto: punição. Merecemos essa punição de obedecer sem antes pensar?

Não vai funcionar comigo. Agradeço mas, não.