Ontem me sentia muito doente.
Decidi ir ao hospital.
Desde o início da pandemia havia prometido a mim mesmo que ir a um hospital seria apenas em situações de extrema necessidade.
A dor era muito intensa. Pensei que era melhor ir naquele momento do que esperar.
Fiz minha bug out bag com um agasalho, tablet de leitura, um caderno de notas, carregador do celular, desodorante etc. etc.
Quanto tive minha crises renais anos atrás, essa mochila foi essencial. A notícia da internação sempre vem de forma rápida. Então, eu queria estar preparado.
Dei um beijo nas crianças e na esposa. Tentei disfarçar ao máximo meu nervosismo. Sabia que se fosse caso de uma operação, estaria bastante exposto a doenças oportunistas dentro do hospital.
Foi a primeira vez que estive nesse hospital. Apesar de vazio, as esperas eram longas. Dava para sentir o cheiro desse produto novo que estão colocando nos sistemas de ar condicionado central, um gás que mata o vírus do covid em alguns minutos.
Depois de algumas confusões, uma espera de uma hora e meia para fazer um ultrassom, e um quase bate boca com uma enfermeira que não parava de tossir em cima de quem estava na sala de espera, consegui minha consulta, uma receita médica e meu passaporte para o mundo exterior.
Já no Uber, voltando para casa, queria que a viagem durasse um pouco mais. A sensação de voltar era maravilhosa.
Na verdade, quando entrei em casa nem me sentia mais doente de tanta felicidade. Há males que vem para o bem.