15 minutos.
15 minutos é a duração média dos tutoriais no YouTube que ensinam sobre “Como criar um clone do Twitter”.
Essa perguntinha capciosa, muito frequente no ambiente das startups deveria ser revista, reavaliada, pois a cópia pura e simples do produto não representa nada hoje em dia.
Quem me conhece pessoalmente já me ouviu dizer várias vezes: “o produto não é o negócio.“
Há muito mais elementos em jogo na “operacionalização” de um clone do Twitter.
Dois desses elementos são críticos, e têm a ver com capacidades:
- capacidade de desenvolver eficiência operacional — escalar mantendo custo operacional sob controle; e
- capacidade de desenvolver eficiência de marketing em amplo sentido, ou seja, gestão de produto, monetização, promoção agressiva e alinhada com os públicos alvo, e práticas atuais de gestão do relacionamento com seus públicos de interesse (clientes, parceiros, influenciadores, mídia etc.).
Ninguém consegue desenvolver estas capacidades no curto prazo. É como achar ser possível tornar um indivíduo sedentário num maratonista em 15 dias. O processo leva meses ou anos e, na maioria dos casos, gera apenas uma momentânea situação de capacidade, que eventualmente será desafiada pela concorrência, pela perda de capital humano ou pelas mudanças naturais no mercado.
É proibido necessário ser realista nessas horas. Entender o desafio. Entender as oportunidades e as ameaças.
Uma das principais armadilhas para um participante iniciante em startups é responder a pergunta com algo na linha do: “Vai demorar muito tempo… pois ninguém tem a nossa visão. Nosso produto é único e difícil de ser copiado.”
Diante de uma resposta como esta, restará à outra parte apenas preparar o xeque mate: “Quem são seus potenciais concorrentes?”
Resposta errada: “Como disse antes: ninguém. Não vejo ninguém com reais condições de nos fazer concorrência.”
Xeque! Esse participante não tem o mercado mapeado. Apenas exercita um wishful thinking tóxico à sua própria ideia. Tão tóxico que gera além da miopia de mercado, um relaxamento estratégico perigoso em relação à potenciais concorrentes.
A resposta aceitável seria nesta linha: “Sei que pelo menos as empresas A, B e C têm potencial de nos colocar alguma concorrência no médio prazo. No curto prazo, não. Elas estão ocupadas no momento com projetos XYZ, e dificilmente teriam como perceber a nossa presença e se organizar internamente em projetos de desenvolvimento que nos ameaçassem. Estávamos mais preocupados com a empresa D, mas depois descobrimos que seu produto é complementar ao nosso, então iremos propor uma parceria mais adiante quando for o melhor momento.”
Preocupação. Mapeamento. Avaliação. Visão estratégica.
“Quanto tempo até copiarem sua ideia?” se tornou o a nova versão para “Onde você se vê daqui 5 anos?”.
Porém, é uma pergunta que “está aí” e precisa ser respondida. A qualidade da resposta está nas nossas mãos. Só não vale estar despreparado.