É Possível Boicotar a China em 2020?

ATENÇÃO: não defendo qualquer tipo de boicote à China.
Este post é apenas um exercício de raciocínio.

Percebo nas redes sociais uma onda de comentários e pedidos de boicote à China. Na maioria dos casos são pessoas pedindo às outras que parem de comprar e consumir produtos fabricados na China.

Isso funcionaria muito bem se estivéssemos ainda nas décadas de 1980 e 1990.

Se nós brasileiros, em 2020, pararmos de comprar produtos fabricados na China, isso não fará qualquer diferença.

A China é um país exportador de bens de produção (máquinas, equipamentos, computadores etc.)

A esmagadora maioria dos produtos fabricados no Brasil passam por tecnologia chinesa.

Quando você compra um produto “Made in Brazil”, você está favorecendo os fabricantes de máquinas e equipamentos na China, ou seja, fortalecendo a China no seu principal “jogo” comercial.

Quando você deixa de comprar um produto importado da China, você prejudica apenas o atacadista e o varejista brasileiros, e mais ninguém. Você gera queda de confiança no meio empresarial e desemprego.

O que fazer então?

Já que não adianta atacar a China onde ela é mais forte, ataque onde ela é mais fraca.

Na produção de alimentos.

A China fornece tecnologia para o mundo mas tem uma enorme dificuldade para alimentar seu próprio povo. (que é obrigado a comer animais silvestres, por exemplo)

Nós fornecemos alimentos para a China. Ela depende de nós.

Se queremos prejudicar a China de alguma forma devemos:

  1. Encarecer esses alimentos;
  2. Limitar o fornecimento desses alimentos;
  3. Suspender o fornecimento desses alimentos.

Por outro lado, os chineses já perceberam esse problema e começaram a comprar terras produtivas no Brasil, na Argentina, no Chile, na América Central e na África.

Eles querem o solo fértil que não existe na China.

Portanto, é necessário:

  1. Dificultar a venda de terras para chineses ou empresas que os representem; (artigo de dezembro de 2020)
  2. Sobretaxar alimentos produzidos nessas terras;
  3. Burocratizar os controles legais sobre essas terras para aumentar o custo de produção e o risco.

Finalmente, as questões ambientais.

A China é o país que mais agride o meio ambiente mundial. Porém, isso não aparece na mídia, pois ela é silenciada pelo capital dos anunciantes chineses.

Portanto, é necessário:

  1. Divulgar nas redes sociais o descaso chinês com o meio ambiente
  2. Cobrar medidas de proteção ao meio ambiente das empresas que compram tecnologia da China (isso aumentará seus custos, tornando-as menos competitivas nos seus mercados)

Resumindo

Não perca tempo atacando produtos chineses.

Pense nos alimentos e no agronegócio brasileiro.

Exija das marcas globais ações de proteção/reparação ao meio ambiente.


Foto de capa: Getty Images