O mundo nos impõe desafios enormes e eles serão vencidos pelos jovens, principalmente.
A experiência acumulada pelos mais velhos não é garantia de sucesso. Aliás, ela não é sequer suficiente para enfrentarmos os novos desafios que surgem a cada dia.
Isto talvez seja um grande paradoxo. Na sociedade do conhecimento, imaginamos que os mais velhos e experientes tenham uma vantagem natural sobre os mais jovens. Não é bem assim. Conhecimento ajuda, mas não é certeza de sucesso.
Faz alguns anos que li um livro de antropologia bastante interessante. Não lembro do título, nem do autor, mas lembro de uma passagem que tratava da importância dos jovens para a sobrevivência dos clãs primitivos.
O texto descrevia como a atitude dos jovens era fundamental para o sucesso da caça ao Mamute.
A atitude questionadora, desafiadora, que salta aos olhos hoje em dia provavelmente foi crítica no passado. Ela talvez tenha contribuído para a sobrevivência da nossa espécie como um todo.
Não se tratava da atitude dos jovens frente aos Mamutes. Não foi isso. Mas a atitude deles frente aos caçadores mais velhos do clã, rebelando-se contra eles.
Alguns se rebelavam com mais intensidade do que outros e partiam para caçadas solitárias.
Por quê?
Não porque quisessem usar sua força física e agilidade sem a interferência dos mais velhos.
Queriam apenas fazer do seu jeito. Queriam fazer do jeito que acreditavam ser melhor.
Também não acreditavam que o seu jeito complementasse o jeito tradicional dos mais velhos. Eles queriam exercitar sua forma de pensar sem qualquer interferência dos outros membros do clã.
É o que vemos hoje em dia nas festas de adolescentes onde eles fazem questão de escolher as músicas, a decoração, as comidas, as bebidas e, principalmente, os convidados. Coitados dos adultos que tentarem interferir nesse processo.
Portanto, no contexto da caça aos Mamutes não havia separação de tarefas entre os mais velhos e os mais novos na mesma caçada. As caçadas eram auto organizadas por indivíduos que pensavam da mesma maneira em relação ao processo de cercar, atacar e matar o animal. (like minded people)
As ideias mais arrojadas eram testadas por pequenos grupos cujo retorno a aldeia não era esperado. Saíam da aldeia sem saber se voltariam vivos. Quando voltavam, eram vistos como heróis ou santos, ou seja, tinham seu status promovido dentro da estrutura do clã.
Isto é exatamente o que vemos hoje no cenário das startups. Jovens que não se interessam muito pelos modelos estabelecidos ou regras do mercado. Eles simplesmente impõem a sua forma de pensar através de formas de trabalho auto organizadas que fazem pouco ou nenhum sentido aos mais velhos.
Muitos se agrupam com dois ou três amigos e partem no caminho de construir marcas que resolverão os problemas do nosso tempo. Alguns sobrevivem e se tornam grandes exemplos para os outros. Porém, muitos outros fazem apostas erradas e acabam sendo esmagados pelas pesadas pernas do Mamute chamado “mercado global”.
Coragem. Essa, talvez, seja a característica mais valiosa do jovem desde o tempo das cavernas.
Coragem de dizer “não” às regras. Coragem de tomar para si o risco de ir caçar um Mamute e, finalmente, pular nas costas dele.
Ainda bem que conheço alguns jovens assim. Isso me deixa tranquilo. Os Mamutes estão mais brutos do que nunca e eu, cada dia mais velho.
Como Caçar Mamutes
Caçar Mamutes é um GRANDE problema para ser resolvido! Por isso é fácil achar numa simples busca na Internet dezenas de ilustrações de cenas de caçada. Essas cenas nos ajudam a perceber a coragem e a criatividade dos caçadores. Alguns exemplos abaixo.