Estou relendo o livro neste final de ano (2020, ano do COVID-19 😷), então resolvi registrar minhas anotações aqui.
A versão que leio é em inglês, então vou fazer traduções livres de títulos e fragmentos pelo simples fato de não ter acesso ao conteúdo traduzido oficialmente em português.
Regra 1 – Fique Reto com os Ombros para Trás
Esta regra tem a ver com a manutenção da autoestima.
Nossa postura corporal envia sinais tanto para o cérebro como para outras pessoas com quem convivemos.
Esses sinais são captados e processados. Nosso cérebro trata esses sinais de forma sutil sem que possamos percebê-los racionalmente. Porém, o estímulo é suficiente para disparar gatilhos hormonais que reforçam ou enfraquecem outros comportamentos e posturas sociais.
O autor faz referência a ciclos de feedback de reforço, positivos e negativos. Quem está familiarizado com temas da cibernética, sabe exatamente do que se trata — ou quem leu “A Quinta Disciplina” do Peter Senge (MIT), que coloca o tema no contexto da administração de empresas.
Uma postura corporal retraída e frágil sinaliza ao cérebro que você está fragilizado diante de uma situação. Hormônios relacionados à manutenção do estresse são liberados, contribuindo para que você permaneça nessa mesma posição por mais tempo. Pessoas de perfil social dominante irão perceber a sua postura fragilizada e não se sentirão intimidados em cometer qualquer tipo de assédio contra você.
É a raiz do bullying.
Crianças tímidas e introvertidas são o alvo predileto dos bullies. Quanto mais eles agridem, mais acuadas se sentem as vítimas. O seu encolhimento reforça a dominação do bullie e lhe gera sensação de superioridade para continuar seus assédios.
O inverso ocorre com crianças que crescem em ambientes sociais mais complexos com muitas iterações e códigos de conduta. A tendência é que se desenvolvam voltadas mais ao mundo exterior, extrovertidas, portanto. Confiantes de sua presença, exibem uma postura mais ereta e confiante com os ombros deslocados para trás e peito projetado para frente.
Este sinal também é lido de maneira subliminar pelas regiões mais primitivas do cérebro, e se convertem em hormônios de bem estar como a serotonina. A presença do hormônio reforça não somente a postura, mas também a confiança no enfrentamento de situações estressantes do dia a dia. Outras pessoas percebem sua autoconfiança elevada e passam a cooperar com você alimentando expectativas do tipo “ganha-ganha” e “troca de favores”. É sempre bom ser amigo de quem é autoconfiante e sabe resolver seus problemas.
Tanto os hormônios como a resposta positiva de outras pessoas à sua bem alimentada autoconfiança reforçam sua postura corporal dominante e “presença de espírito”.
Portar-se reto, alinhado, com os ombros para trás é bom para nossa autoestima e para conquistar o mundo.
O artista marcial e ator Jean Claude van Damme fala sobre a importância da postura corporal logo na primeira aula de seu famoso programa de treinamento.
Regra 2 – Cuide de Si Mesmo como Cuidaria de Alguém sob sua Responsabilidade
Esta regra trata da forma como nos vemos inseridos no mundo.
Nossa herança cultural cristã nos remete às alegorias do velho testamento, mais precisamente aquelas sobre Adão e Eva no jardim do Éden.
Vemos o mundo de uma forma muito polarizada. De um lado temos a ordem e do outro lado, o caos.
Quando Deus cria o paraíso e nele coloca Adão e Eva, a ordem impera. Tudo funciona maravilhosamente bem até que Adão avança sobre a árvore do conhecimento e come seu fruto. Neste momento o mundo se converte em caos, Adão passa a perceber suas imperfeições, a começar por aquelas em seu próprio corpo.
Cria-se então uma barreira que divide os limites do Eu e os do Outro.
Temos dentro de nós tudo aquilo que a sociedade em geral considera ruim ou repulsivo. Nossa intimidade é protegida porque sabemos que nela existe o melhor e o pior de nós. Não queremos expor essas características aos olhos do mundo.
Por outro lado, quando olhamos para uma criança, um bebê, por exemplo, imediatamente temos sensações de pureza. Em nosso subconsciente, o infante representa em si tudo o que há de bom, e nada de ruim.
Esse conflito entre um Eu cheio de defeitos e um outro puro leva a um descaso com nós mesmos. É como se nos colocássemos numa posição de cidadão de segunda categoria.
Devemos buscar a remoção dessa barreira e a mudança do nosso olhar interno.
Somos, em primeiro lugar, o ser mais importante para nós mesmos. Sem dar-nos o devido cuidado e atenção, ficaremos doentes e morreremos infelizes ou, mesmo antes disso, nos tornaremos pessoas piores, menos sociáveis ou agradáveis. Morreremos lentamente, por dentro.
Se cuidamos tão bem de nossos filhos, de nossos pets, de nossos amigos e parentes, por quê não podemos usar esta mesma energia e canalizá-la para nós mesmos na forma de manutenção do bem estar e da nossa boa saúde?
You must help a child become a virtous, responsibe, awake being, capable of full reciprocity — able to take care of himself and others, and to thrive while doing so. Why would you think it acceptable to do anything less for yourself?
Regra 3 – Seja Amigo de Pessoas que Queiram o Melhor para Você
Amizades são construídas a partir de escolhas.
Você escolhe ser amigo de alguém. Alguém escolhe ser seu amigo.
Podemos escolher pessoas que são mais ou menos experientes do que nós, mais ricas e poderosas do que nós, mais saudáveis e inteligentes do que nós.
Da mesma maneira, podemos procurar aproximação com pessoas mais jovens do que nós, menos experientes, menos maduras, mais frágeis, menos saudáveis, pobres, necessitadas etc.
O autor descreve nossa tendência natural de escolher pessoas deste segundo grupo. Pessoas mais fracas do que nós, tanto do ponto de vista físico, como do psicológico e do social.
Fazemos isso para nos sentirmos mais do que elas. É uma questão de destaque e dominação.
A maioria das pessoas não constrói amizades com pessoas mais fortes porque se sentirão naturalmente diminuídas, fracas.
Só é possível resolver este problema quando a outra pessoa, o amigo ou a amiga, sendo fraca ou forte, demonstra gostar e valorizar a amizade.
Parece simples, mas não é.
Basta perceber que na maioria das conversas entre amigos, sempre haverá alguém que falará incessantemente de si mesmo, de seus carros e barcos, de uma nova casa praia que recém adquiriu, uma viagem de fez, um campeonato que venceu, suas conquistas profissionais e pessoais.
Amizades de verdade, construtivas e duradouras — aquelas “amizades de uma vida” — são aqueles onde os amigos se interessam verdadeiramente pela vida do outro, fazem perguntas investigativas, escutam as respostas com atenção sem interromper o outro para falar de si mesmo, oferecem conselhos.
E, mais do que tudo, desejam o melhor para você.
Aquele amigo que sabe da sua situação de desemprego e liga a cada duas semanas para saber como estão as coisas e se as entrevistas de emprego estão acontecendo.
Ter amigos assim aumenta nossas chances de sucesso na vida.
Tudo melhora. Sentimos muita gratidão pelas amizades que realmente importam. É um processo natural. Tão natural que aprendemos aprendemos com ele ao ponto de nos tornarmos também bons amigos para os outros.
Grupos de bons amigos merecem usufruir dos benefícios da boa amizade por toda a vida, portanto, escolha amigos que se queiram o melhor para você.