Antônio Abujamra terminava seu maravilhoso programa de entrevistas, o Provocações, com a seguinte pergunta: O que é a vida?; e a perguntava repetidamente até que o entrevistado não tivesse mais como respondê-la. Até o esgotamento.
Se eu tivesse o privilégio de ser confrontado — ou, provocado — por essa pergunta, a resposta seria esta:
A vida é um privilégio e uma sina humana. Nenhum outro animal ou planta neste planeta reconhece a vida como nós a reconhecemos. Os animais existem e se preservam através de um instinto inato de sobrevivência. Nós, não. Sabemos exatamente o que é a vida ou a ausência dela. Temos a possibilidade de cuidar bem dela ou não. Podemos criar novas vidas, humanas ou não. Podemos exterminá-las também. A vida é a constatação e o exercício de escolhas. Há quem nasça com muitas possibilidades de escolha. Há quem nasça com apenas uma ou outra. E feitas as escolhas, a vida se torna um tipo de jogo de apostas. Algumas são acertadas, outras não. Ganhamos e perdemos até o final da vida quando, numa última vez, perderemos.
foto de capa: João Caldas / Divulgação UFMG