Gerson

Gerson.

Gerson. O nome soa velho mas, o personagem é novo.

Gerson tem 19 anos.

Gerson cortou meu cabelo hoje.

Gerson, conforme suas próprias palavras, é da quebrada.

Gerson corta cabelos na “navalhada”.

Gerson começou a trabalhar aos 13 anos de idade.

Gerson, aos 14, começou a cortar cabelos.

Gerson queria ganhar dinheiro para ir para as festas.

Gerson conheceu sua namorada nas festas.

Gerson engravidou sua namorada aos 17.

Gerson decidiu que precisava ganhar dinheiro de verdade para sustentar seu filho.

Gerson saiu da quebrada aos 18.

Gerson abriu sua barbearia aos 19. Ela tem apenas 1 cadeira que, segundo ele, até sobe, mas deveria descer mais.

Gerson cobra 25 reais pelo corte.

Gerson acha justo, pois seus clientes, por enquanto, são da quebrada.

Gerson compete com o salão de cabeleireiros ao lado que cobra 40 reais o corte masculino.

Gerson, assim como eu, acredita que o salão não vale o quanto cobra.

Gerson quer cortar ouvindo música, mas apenas música que ele entende a letra.

Gerson mudou de Rolling Stones para Charlie Brown Jr. na terceira música a partir da minha escolha.

Gerson não está nem aí.

Gerson não sabe se pegou COVID.

Gerson fez quarentena mas, ela foi de apenas 4 dias.

Gerson foi jogar bola depois que ela acabou.

Gerson nunca parou.

Gerson nunca parará.

Gerson é o cara que sai da favela com 19 anos para cortar cabelos em um bairro de classe média, sozinho, com 1 cadeira no seu salão improvisado, com músicas cantadas apenas em português e com opiniões fortes sobre o preço do corte.

Gerson é um menino cujas gírias não conseguem esconder o homem que se revela.

Gerson é o cara.

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